Marketing político no WhatsApp
Nas eleições de 2016 o marketing político no WhatsApp promete ser um dos grandes destaques em termos de marketing político digital, dando sequência a um movimento iniciado na campanha passada, mas que nas próximas eleições tende a alcançar uma dimensão muito maior.
Nas eleições majoritárias, o marketing político no WhatsApp surpreendeu até mesmo pela qualidade de algumas campanhas, que souberam dosar a utilização da ferramenta e seu potencial de comunicação, coisa ainda rara no Brasil quando se fala de marketing político digital.
Não é que seja a mesma coisa, e nem mesmo o mesmo ambiente de comunicação, mas depois da proibição do telemarketing em campanhas de marketing político, o WhatsApp se tornou a ferramenta que mais se aproxima deste canal de comunicação.
Por ser uma ferramenta de marketing político online relativamente nova, as experiências e seus resultados ainda são escassos, e por isso, só podemos trabalhar com os dados e cases que já estão disponíveis. Mesmo assim, é possível traçar um bom cenário para aplicação desta ferramenta.
Aplicações do WhatsApp no marketing político digital
Muita gente vê o WhatsApp apenas como um novo canal de comunicação entre o candidato e seus eleitores em potencial, mas em função das diversas ferramentas oferecidas pelo aplicativo, ele pode ser usado em muitas outras funções inerentes ao trabalho do marketing político eleitoral.
Do ponto de vista da gestão de campanha, podemos utilizar o WhatsApp nas seguintes situações, por exemplo:
- Gerenciamento de contatos entre membros da campanha do candidato, através da ferramenta de Grupos no WhatsApp
- Canal para envio de imagens e vídeos de eventos para a base de coordenação de conteúdo da campanha para publicação imediata
No que diz respeito ao relacionamento do candidato com seus possíveis eleitores e militância, podemos destacar as seguintes aplicações:
- Grupos para contatos entre militantes e outros apoiadores
- Canal para atração de eleitores para outras mídias sociais, como o Facebook e Twitter
- Comunicação entre o candidato e a população interessada em sua mensagem
- Suporte aos eleitores em dúvida sobre procedimentos eleitorais
Como nem tudo são flores no que diz respeito ao marketing político, sabemos também que o WhatsApp pode ser usado de forma antiética, para a disseminação de boatos ou até mesmo ataques diretos às candidaturas adversárias. Faz parte do jogo infelizmente.
Os perigos do WhatsApp nas campanhas eleitorais
As eleições de 2016 serão as mais seletivas dos últimos anos, e talvez se transformem em uma referência em termos de marketing político digital no Brasil. Os eleitores, até mesmo em função da decepção com os resultados da eleição presidencial passada, retratada pelos baixos índices de aprovação nas pesquisas sobre a popularidade da presidenta eleita, serão muito mais exigentes.
Esse cenário criará barreiras desafiadoras a serem vencidas em termos de comunicação com o eleitorado. O conteúdo das campanhas eleitorais precisará ser muito mais denso e elaborado, e, além disso, a permissão em termos de comunicação, será fator decisivo para a disseminação da mensagem eleitoras. É ai que reside o perigo do uso do WhatsApp no marketing político eleitoral.
O grande problema do marketing político no WhatsApp é justamente conseguir essa “permissão” de contato. Não basta simplesmente conseguir o número do telefone do eleitor, é preciso que se tenha uma mensagem que o estimule a ler, ouvir e principalmente, engajar.
Outro grande perigo do marketing político eleitoral através do WhatsApp é o de se tornar invasivo, inoportuno ou redundante. Da mesma forma que ninguém gosta de ficar recebendo e-mails a todo momento, o uso excessivo do WhatsApp pode gerar uma rejeição ao candidato. O WhatsApp como ferramenta de marketing exige os mesmos cuidados que outras com as quais já estávamos acostumados a lidar.
Formato diferente e estratégia diferente
Em nosso curso sobre marketing político nas redes sociais, chamamos atenção para as grandes diferenças entre o WhatsApp e outras redes sociais como o Facebook e Twitter. O grande desafio para os consultores de marketing político digital nas próximas eleições, é entender o comportamento dos eleitores no WhatsApp e no Facebook e no Twitter.
A diferença fundamental está no fato de que, no caso do Twitter e Facebook, a comunicação entre candidato e eleitor se dá em um ambiente público, ou seja, todos podem acompanhar a conversa. Já no caso do WhatsApp, essa comunicação se dá em um ambiente fechado, e isso cria um comportamento distinto.
Publicado originalmente no Blog da Academia do Marketing